Viajar amando e comendo

Viajar para mim é uma das melhores coisas da vida junto com amar e comer. Então viajar bem acompanhado, comendo bem, para lugares desconhecidos, é a vida perfeita. É a possibilidade de quebra do tédio do cotidiano. Quando tu faz tudo sempre igual, em horas pré-determinadas, dentro do absolutamente previsível, tu começa a viver do passado. A tua evolução dentro da tua própria cidade é mais lenta do que em uma viagem onde tudo é aceleradamente novo. Quando tu cai na estrada, de preferência para bem longe, tu te liberta dos teus medos e inseguranças, da energia estagnada de relações cimentadas por anos de convivência. Tu tem que estar aberto para receber informações de outras culturas com hábitos totalmente diferentes dos teus. Assimilar rapidamente gostos que te revoltariam no teu habitat natural e que de repente começam a fazer parte da tua vida. Sair da ilusão de segurança do teu velho apartamento, rodeado com as tuas coisinhas, para dormir em algum lugar com barulhos estranhos, com registros de chuveiro que torcem ao contrário e que são difíceis de regular a temperatura perfeita para o teu banho. A incerteza do que tu vai encontrar dobrando uma esquina é instigante. Caminhar pelo simples prazer de conhecer coisas novas, arquiteturas inesperadas, plantas exóticas. A minha sensação de liberdade em ruas desconhecidas é inigualável. Olhar para o céu estrelado e não ver o Cruzeiro do Sul. É viver a vida em um ritmo fluido de aventura. Fazer refeições sem saber exatamente o que está comendo. Ler palavras que tu não sabe minimamente o significado. Entender pessoas de línguas estranhas apenas pelo olhar. As viagens estimulam totalmente minha criatividade e bom humor, não deixando espaço para a melancolia e para a depressão. Eu chego a ter que controlar a minha satisfação para não se transformar em ansiedade, de tanta coisa que quero ver em pouco tempo. Buscar a arte em toda as suas formas. Chego a chorar em alguns lugares que tive a felicidade de conhecer. Eu lembro de ter chorado quando cheguei na Fontana di Trevi, em Roma, no Taj Mahal, na Índia, no amanhecer no topo dos Andes em Chapelco, quando virei peixe em Barbados no Caribe e em Bonito no Mato Grosso, na Ilha de Elefanta, em Bombaim, quando vi uma estrela cadente sobrevoando o Afeganistão, quando me aproximei do Everest no Nepal. E mais outros muitos lugares que daria para encher esta página. Tudo bem, eu sou chorona.
 

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