BIO – O Filme: Diário de Filmagem #4

Werner Schünemann e Júlio Conte

Júlio Conte Werner Schünemann e Júlio Conte

Os dois começaram no teatro. O Werner Schünemann tinha um grupo em São Leopoldo, chamado “Faltou o João”, que, ao lado do grupo “Vende-se sonhos”, fornecia muitos atores e atrizes para os nossos filmes super-8 do início da década de 80. Ele estava no elenco de “Deu pra ti, anos 70” (1981, de Nelson Nadotti e Giba Assis Brasil), e foi nessa época que o conheci. Depois o Werner dirigiu “Coisa na roda” (1982) e estrelou “Inverno”, filmado em 1982 e lançado em 1983. Naquela época filmávamos um longa por ano. Não tínhamos dinheiro, mas éramos jovens e tínhamos muitas ideias. E muitos amigos.

Acho que vi o Júlio Conte pela primeira vez na peça “Joaquim Murieta” (texto de Pablo Neruda), na sala Álvaro Moreira. Provavelmente foi em 80 ou 81. Ele fazia o Joaquim, herói revolucionário latino-americano. Ao seu lado estava Marília Rossi, que pouco mais tarde estava na primeira cena de “Inverno” como “a garota da Rua da Praia”. O Júlio, dois anos depois, interpretou um professor de ginástica em “Verdes Anos”. Ele foi dublado por outro ator, de voz muito grossa, que brincou com algumas falas só pra sacanear com o Júlio. Mas isso é “culpa” do Giba, já que eu nem estava na dublagem. E o Júlio ainda fez o “Casanova dos horti-fruti-granjeiros” (expressão de Ivo Stigger) no curta “Interlúdio” (1982).

Enfim, nostalgia é o que não faltou no set de BIO na diária de hoje. De manhã, o Werner fez um pesquisador da área de Etologia, lá por 1985. De tarde, o Júlio fez um professor de Biologia do curso Científico em 1976. Os dois mestres encontraram-se na hora do almoço. BIO está provocando alguns encontros rápidos, mas, pelo menos para mim, muito especiais. Gosto de trabalhar com atores-diretores, e hoje foi dose dupla, sem gelo. Atores-diretores costumam ter ideias para seus personagens e tentam enriquecê-los. O Werner trouxe um óculos estilo anos 80 que combinou muito bem com o figurino da Rô Cortinhas. O Júlio recuperou uma musiquinha mnemômica que o ajudava no colégio a decorar esquemas genéticos de determinação do sexo. E os dois foram bem criativos nas improvisações.

Alguns diretores têm um certo receio de chamar atores-diretores, temendo que eles interfiram demais e deem palpites. Eu sempre gostei de palpites e incorporo todos que podem melhorar o filme. Pra que fazer cinema, essa arte coletiva, se a equipe e o elenco não podem palpitar? Se é pra ficar sozinho e não ouvir ninguém, é melhor fazer literatura. Por isso tenho que agradecer a generosidade do Werner e do Júlio, que trouxeram para o BIO seus toques pessoais e ajudaram a colocar mais duas pecinhas no nosso quebra-cabeça. Até o próximo, colegas!

Ass: Carlos Gerbase

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