Rio, 34 graus

Passando de táxi pelos limites do Alemão, parece que nada aconteceu. Na zona sul, passam alguns poucos helicópteros em direção à Tijuca, onde alguns importantes traficantes devem ainda estar escondidos sendo picados pelos mosquitos carnívoros, sem repelente, talvez até pelos mosquitos da dengue. Estarão com fome?

Nas ruas, a burguesia segue na maior tranquilidade do mundo, com as mulheres ou indo para a praia, ou voltando dos cabelereiros, ou produzidíssimas dentro dos gelados escritórios. A cidade maravilhosa esbanja paz neste momento, mais do que em outras épocas recentes. É possível sair do cinema à noite no Leblon e caminhar a pé para casa sem ninguém te importunar.

Só uma coisa me apavora tanto quanto a violência: a falsa idéia das pessoas sobre a violência. Existe um consenso nos táxis, nas bancas de revistas, nas portarias: tem que prender, tem que matar, tem que acabar com o tráfico. Destruir com qualquer atividade que possa ser mal-vista  pelos estrangeiros, que atrapalhe as copas e o turismo. É certo que os traficantes pisaram na bola total, passaram do limite e levaram a resposta eficiente da polícia e do exército. A cocaína deve estar mais cara em L.A, NY, London, Tokyo.

O que não pode ser esquecido, em nenhum momento, é que a maioria destes traficantes se tivessem tido educação, comida e uma família legal, não estariam no tráfico. Seriam pessoas "normais":  trabalhando que nem escravos, tomando panca, levando os filhos para a  escola e assistindo TV à noite. A vida da favela pode te arrastar para o crime com a maior facilidade, em apenas um vacilo. Quem é o culpado disto tudo? O velho capitalismo selvagem, neo-liberal e monopolista, sem limites, sem consciência social, burro, cego, surdo e mudo. Muitos são bandidos e nasceram para ser bandidos, mas algumas carinhas de presos que vejo na TV e nos jornais, podiam muito bem estar jogando pelada na esquina e comendo bolo de cenoura com calda de chocolate feito pela querida mãe no entardecer. Bad luck!
 

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