No meio do mato

Hoje quando estava no meio do mato, curtindo o domingo de sol, sem celular próprio, fui informada pelo celular de outra pessoa que a jovem filha de um grande amigo havia morrido. Apesar de toda a minha compreensão sobre a morte, espírito e tudo o mais, a chegada de uma notícia como esta me balançou completamente. A morte de pessoas de mais idade é sofrida mas aceitável. A morte de uma jovem linda e saudável dói muito. Tu fica te perguntando: Como assim? Por que esta pessoa? Agora? Na Índia vão te dizer: é a lei do karma presente ou do karma passado. O corpo vai e o espírito fica. Os católicos vão dizer: Deus quis assim. Os céticos vão dizer: foi-se corpo e mente, não existe mais nada e não existe o porquê. Qualquer coisa que disserem, não aplaca a tremenda tristeza.

Resolvi escrever um pouco para sacudir a mente. A melancolia, apesar de sua tendência depressiva,  pode levar algumas pessoas à atividade, como é o meu caso. Deveria escrever mais ficção, mas só estou conseguindo escrever jornalistica ou bobisticamente.  Na política nacional, alguém me explique por que o Lula precisa comprar caças?  Só se justifica se for para patrulhar a Amazônia contra o desmatamento, o tráfico de madeira e as queimadas. Mesmo assim, devem existir métodos de controle mais baratos e que gerem mais emprego.  De resto, para que precisamos de aviões tão caros? Se tivermos que entrar em alguma guerra absurda, como são todas,  não temos as mínimas condições de enfrentar o poderio nuclear dos inimigos. Os valores que dariam para economizar com a não-compra destes caças, somados ao que vai ser gerado com a exploração do  Pré-Sal, poderiam ser muito bem aplicados, com uma estratégia que pense um futuro saudável e economicamente viável para o Brasil. Nós vamos estar secando aos poucos  nosso maravilhoso petróleo, poluindo muito com mais carros, produzindo milhões de  garrafas e de sacos plásticos. Para compensar o estrago ecológico desta exploração, os dividendos  teriam que ser alocados  nas defesas que o país têm que  criar contra  os malefícios já aparentes do aquecimento global. Também gastos em uma alimentação eficiente,  para que não exista nenhum brasileiro passando fome e sem acesso à educação. Se os acordos forem mal-feitos, como é o caso da nossa dívida externa, o petróleo  vai embora com os mais espertos e o país continuará vivendo de pescaria.

Apesar de hoje ser o 20 de setembro, não tem nem o que comentar da política estadual. A pira quase incendeia nossa sofrível governadora. Até o fogo se revolta no RS com esta administração. Outro fato ridículo são as igrejas que estão usando velas elétricas no seu interior, ao invés das tradicionais com cera e pavio. Perderam totalmente a noção do elemento fogo e de seu papel. Espero que pelo menos as festas de aniversário no Rio Grande não venham aderir a velhinhas elétricas, com o aniversariante desligando a tomada ao invés de assoprá-las.

Enquanto não conseguimos fazer cinema no RS, com a mínima constância necessária para sermos considerados cineastas ativos, o que resta é comentar os filmes dos outros estados. Bons filmes a serem assistidos: "Jean Charles"  e  "Olhos Azuis",  que estão relacionados com o  tema do péssimo tratamento recebido pelos  brasileiros no exterior. O diretor Henrique Goldman em Jean Charles, mostra com muita familiaridade  o cotidiano de brasileiros pobres na  esnobe Inglaterra, o que já é suficiente para refletir sobre a muralha social que existe entre os países ricos e pobres.  Jean Charles ainda  sofre a tragédia de ser confundido com um terrorista, fruto da paranóia generalizada que impera na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos desde 2001. Selton Mello está maravilhoso mais uma vez como protagonista e ainda surpreende como  diretor em seu filme de estréia "Feliz Natal", principalmente quando dirige uma bêbada e drogada mãe da família,  personagem interpretada por Darlene Glória.

"Olhos Azuis" do Zé Joffily trata da entrada dos brasileiros na imigração norte-americana. O filme é corajoso,  podendo  incomodar os Estados Unidos. A crítica não gostou do filme, o que não tira seu mérito. Quem já passou dezenas de vezes pela imigração sabe que dá muita vontade de fazer um filme que nem o do Joffily. Eu jamais tive que parar na imigração por ter cara de européia. Não tenho olhos azuis mas sou clara, o que já é suficiente para não me encherem o saco. Mas já falei com muita gente que teve altos constrangimentos passando pelos federais. Basta ter cara de pobre, ser levemente escuro ou ter sobrenome de árabe, e tu pode passar muito tempo sentado esperando para ser atendido e humilhado com perguntas estúpidas. O Joffily consegue dar um clima realista ao filme, fazendo  tu acreditar que está dentro de uma central de imigração. Os atores norte-americanos convencem, mas o destaque fica com o ator brasileiro Irandhir Santos, que arrasa. O maior problema que vejo no filme é que a prostituta, que acompanha o policial norte-americano, fala um inglês de universitária. Mesmo assim, o filme é ótimo.

Hoje não vou falar de comida boa porque não estou com fome, o que é raro. Vou só mencionar que o novo restaurante naturalista "Equilibrium" no Bom Fim é muito bom e tem peixe para os menos radicais.

Por hoje chega e amanhã vai ser outro dia.

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