Inverno – 1983

Aos 24 anos, nosso herói mora sozinho, é jornalista formado mas trabalha numa imobiliária.

Identifica-se com a cidade sombria onde vive, com seu apartamento cheio de discos e livros, com os filmes a que assiste. Mas tem pouca coisa em comum com a namorada, os amigos, os pais, os colegas de serviço. Não consegue e não se esforça para conciliar os diferentes mundos por onde transita. Mas esta situação não pode durar muito tempo, e ele vai ser obrigado a dar uma resposta ao final de doze dias de frio em Porto Alegre.

 

 

Créditos:
Direção e Roteiro: Carlos Gerbase
Direção de Fotografia: Roberto Henkin
Direção de Arte: Marta Biavaschi e Luciana Tomasi
Direção de Produção: Luciana Tomasi
Montagem: Giba Assis Brasil
Elenco:
Werner Schünemann (O Herói) Luciene Adami (Mariana) Marta Biavaschi (Lúcia) Marco Antônio Sorio (Milton) Luciana Tomasi (Isabel)
Prêmios
Prêmio
7º Festival Nacional de Cinema Super-8 (Gramado, 1983) Melhor Filme

“A direção de Gerbase é segura e criativa. O filme mantém um bom ritmo narrativo e os jogos de presente, passado e imaginação quebram a possível linearidade da história, apresentada sob a forma de um diário. Werner Schünemann, na pele do protagonista de Inverno, tem no olhar a perplexidade exata do personagem, e Luciene Adami compõe de maneira surpreendentemente boa a figura de Mariana, a namoradinha. (…) O roteiro alinha uma série de citações a filmes, livros, discos e locais, que no filme têm uma função maior do que a da simples citação: eles servem para definir o mundo do personagem e também certas preferências do realizador.”
(Tuio Becker, FOLHA DA TARDE, 23/04/83)

“Obra essencialmente intimista – o que já se constitui em ousadia, não só em termos de Super-8, mas de cinema nacional –, Inverno apresenta (…) uma estrutura dramática capaz de surpreender o espectador habituado ao tom coloquial dos filmes anteriores. (…) Gerbase faz de Porto Alegre sua Manhattan, em crônica poética que acompanha os sentimentos do personagem. (…) A lembrança de felicidade remete a outro cenário – Montevidéu – igualmente frio, mas próximo e ao mesmo tempo distante (em cenas de sensibilidade rara, na bela comunhão entre imagens e palavras).”
(Régis Müller, CORREIO DO POVO, 29/04/83)

“O cinema gaúcho tem em Inverno seu produto de melhor qualidade. Aliando uma fluidez narrativa exemplar a uma utilização perfeita dos recursos do tempo e da memória, Gerbase constrói um filme que sabe falar a todas as platéias. O jovem jornalista (…) não é um tipo único. Ele é ao mesmo tempo um dos sobreviventes dos anos 1970, um homem que olha amedrontado a falta de perspectivas de seu tempo. (…) Não é sem razão que o grupo de amigos vive dividido entre o niilismo de Milton (Marco Antônio Sorio) e a indecisão de Lúcia (Marta Biavaschi). A todos corresponde um descaminho, uma descontraída saída para o momento. Carlos Gerbase demonstra ser o mais intelectual dos realizadores gaúchos.”
(Júlio Ricardo da Rosa, ZERO HORA, 05/05/83)

Inverno é a crônica, marcada por um lirismo que nos envolve, das indagações e das certezas (nem tantas) de um jovem jornalista, um ‘Lobo das Estepes’ que curte entre seus discos, livros e filmes a solidão de uma Porto Alegre mergulhada na bruma incolor de seus dias invernais e sem sol. Solidão construída pelo distanciamento dos pais (…), pela esterilidade de seu relacionamento com Mariana (…) e mesmo pela auto-segregação em relação aos amigos, cujos papos se reiteram monocordicamente todas as noites num ritual gasto e improdutivo. (…) Palmas para Roberto Henkin. Incrível o resultado estético que consegue extraindo recursos insuspeitados do filme Super-8.”
(Ivo EgonStigger, FOLHA DA TARDE, 05/05/83)

“O primeiro longa totalmente assumido de Carlinhos Gerbase é um marco, sob muitos aspectos. Mostra um narrador seguro, capaz de enfrentar os perigos da longa duração sem cair na monotonia ou na disritmia (o problema dos estreantes). Mostra um acabamento técnico profissional, desmentindo aqueles que julgam a precariedade um dado inerente à bitola. (…) Para Gerbase, um valor a mais: desvincula sua personalidade autoral da figura carismática de Nelson Nadotti, com quem era confundido em trabalhos anteriores.”
(Luiz César Cozzatti, ZERO HORA, 08/05/83)

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