Dois filmes de Carlos Gerbase são os mais vistos de 2025 em plataforma de streaming

Disponível gratuitamente para assinantes da Claro tv+, Brasiliana TV é um serviço 100% dedicado às produções nacionais.

Ticiano Osório

GZH – 23/12/2025 – 11h04min

Tolerância (2000) e Sal de Prata (2005), ambos dirigidos pelo cineasta gaúcho Carlos Gerbase, foram os dois filmes mais assistidos em 2025 na Brasiliana TV. Trata-se de uma plataforma de streaming 100% dedicada ao cinema brasileiro, disponível sem custo adicional para todos os assinantes da Claro tv+ (basta ir no menu, clicar em apps e selecionar o Brasiliana).

O serviço foi lançado em março de 2024 e hoje disponibiliza quase 500 conteúdos, entre longas-metragens e episódios de séries. O Brasiliana oferece clássicos como Dona Flor e seus Dois Maridos (1976) e Bye Bye Brasil (1979); filmes indicados ao Oscar internacional, como O Quatrilho (1995) e O que É Isso, Companheiro? (1997); e títulos mais recentes, como Arábia (2017) e Verlust (2020). Há ainda uma coleção de obras do mineiro Humberto Mauro (1897-1983), um dos pioneiros do cinema no país.

A Brasiliana TV trabalha com o modelo chamado de revenue share: cada título exibido recebe por permanência no catálogo e performance em relação aos demais. No primeiro ano, segundo a plataforma, foram distribuídos cerca de R$ 805 mil em receita para os produtores com filmes no catálogo. Dois diretores do RS aparecem com destaque. Jorge Furtado tem seis longas na Brasiliana TV: Houve uma Vez Dois Verões (2002), O Homem que Copiava (2003), Meu Tio Matou um Cara (2004), Saneamento Básico, o Filme (2007) — que traz no elenco Fernanda Torres e Wagner Moura —, Real Beleza (2015) e Rasga Coração (2018).

E Carlos Gerbase emplacou o primeiro e o segundo lugar no ranking dos filmes mais vistos em 2025. Tolerância, o campeão de audiência, foi escrito por Gerbase com Giba Assis Brasil e Jorge Furtado e é protagonizado por Maitê Proença e Roberto Bontempo. Eles interpretam Márcia e Júlio, um casal de ex-ativistas políticos de esquerda que se defrontam com problemas existenciais.

Ela é uma advogada, e ele trabalha como fotógrafo. Os dois optam por um casamento em que a fidelidade não é o mais importante, e sim a tolerância — pelo menos na teoria. Quando Márcia confessa uma traição, Júlio passa a questionar a liberdade que caracteriza seu relacionamento com a esposa. E, então, o filme se transforma de drama intimista em suspense erótico.

À época da exibição de Tolerância nos cinemas, o pesquisador Fernando Mascarello escreveu em Zero Hora que, “dissimulado sob a temática mais superficial dos limites do casamento semiaberto em sua relação com a resignação contracultural ao status quo, creio que o tema central que se revela, no filme, é o do sitiamento da masculinidade frente a uma mulher emancipada profissional e sexualmente”.

Para Mascarello, o longa opera “uma flagrante inversão dos papéis masculinos e femininos legitimados pelo patriarcado, destinando os homens à ocupação do polo negativo dos pares atividade/passividade, realidade/fantasia, controle/submissão, decisão/incerteza, fala/escuta”. Júlio manipula em casa imagens fetichistas do corpo feminino, trazendo à tona “um simultâneo deleite e pudor indicativos de uma infantilização de seu comportamento”. Em contraste, Márcia “atua no espaço público da lei, onde produz versões da história que intervêm sobre o destino de homens reais, sendo o seu modo psíquico o da segurança, da imposição”.

O elenco conta com Maria Ribeiro, Ana Maria Mainieri, Werner Schünemann, Nelson Diniz e Cleo de Paris. Vale prestar atenção na trilha sonora, que inclui uma versão de Como Nossos Pais (1976), de Belchior, por Nei Lisboa, Júlia Barth, Cláudia Barbisan, Wander Wildner, Flu e 4Nazzo.

Sal de Prata, o segundo colocado, é um filme com dois filmes sobre um terceiro filme. Todos “de mentira”, mas com pretensão de dizer as verdades que nem sempre se consegue expressar na vida real. Tudo começa com a súbita morte de um diretor de curtas, Rudi Veronese (Marcos Breda). Ele sofre um infarto em meio a uma discussão sobre a validade do vídeo digital ou a exigência de película em um concurso cinematográfico — “Tem que ser sal de prata!”, diz um personagem, referindo-se à substância química que torna o negativo sensível à luz.

Veronese deixa para trás a namorada, Cátia (Maria Fernanda Cândido), uma bem-sucedida analista financeira, e uma série de roteiros inacabados — que ela descobre ao xeretar em seu laptop, primeiro movida por ciúme (estaria ele tendo um caso com a atriz Cassandra, personagem de Camila Pitanga?), depois, à procura do sentido que a arte dá para a vida.

Os fragmentos despertam o interesse dos amigos de Veronese: o cineasta de sucesso Valdo (Bruno Garcia), o publicitário João Batista (Nelson Diniz) e o pé-rapado Holmes (o divertido Júlio Andrade). Gerbase, então, engendra uma brincadeira metalinguística, com dois diretores rodando um filme sobre um jovem que inventa um filme para conquistar uma atriz.

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