BIO – O Filme: Diário de Filmagem #11

BIO é um cruzamento improvável de Eduardo Coutinho e David Lynch. Ou pelo menos espero que seja. Tô gostando de fazer de conta que sou Coutinho e que posso entrevistar muitas pessoas, separadas por grandes lapsos de tempo. E to gostando de sair do realismo e criar um clima de delírio e alucinação. Revi recentemente o filme “A árvore da vida”, de Terrence Malick, achando que ali haveria alguma inspiração para BIO, mas, apesar das qualidades do filme e da bela cena que conta a história da evolução em nosso planeta, não há nada de particularmente inspirador. A referência é mesmo Lynch, que é o grande mestre do surrealismo contemporâneo.

Hoje tivemos nossa porção de Coutinho, na entrevista com Branca Messina, que faz uma orientadora educacional numa escola em 1969, e uma brincadeira à la Lynch, em boa parte criada por Bernardo Zortea, nosso diretor de arte, e pelo Poli, nosso fotógrafo. O que junta as duas coisas é o apelido da orientadora: Tia do Céu. A Branca, aliás, operou algumas transformações importantes na sua personagem. A Tia do Céu era uma professora bem doce, mas, aos poucos, nos ensaios e no set, ela foi ganhando traços um pouco mais… No filme vocês veem. Garanto que ficou melhor que o roteiro. Nas fotos, um pouco de Branca Messina em BIO.

O grande barato – ou a grande curtição, pra ficar na onda de 1969 – do set é perceber que as cenas escritas nunca serão exatamente as cenas filmadas. Às vezes isso é incômodo, porque a imaginação não consegue se concretizar do jeito que gente gostaria, por falta de tempo, de dinheiro, ou dos dois. No entanto, outras vezes é exatamente o contrário. O que está escrito se transforma numa outra coisa, com a intervenção imaginativa da equipe e do elenco. Em BIO, que tem um roteiro muito verbal, é ótimo ver como as imagens surgem e como elas reinterpretam o que escrevi. Enfim, a vida é fluxo, é movimento, é correnteza. E, como dizia Humberto Mauro, cinema é cachoeira. BIO é um rio que tá nascendo da cachoeira. O que nos leva de volta à cena da evolução de “A árvore da vida”, que tem como trilha musical uma obra de Smetana inspirada por um rio, o Moldava. E a ligação, antes insuspeita, agora se revela, pelo menos para este Diário. Obrigado, Malick.

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